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Publicado originalmente no Jornal Hoje em Dia, 20/05/2012

Patrus Ananias

Nesta semana participo, na cidade de Barcelona, de uma jornada de seminários sobre o Brasil. O evento, promovido pela Casa América Catalunha, na perspectiva de ampliar o conhecimento sobre o processo que estamos vivendo em nosso país, tem o significativo título de “Brasil, futuro no presente”. Participarei como um dos palestrantes da mesa intitulada “A força de um país continente” e como moderador dos trabalhos da mesa sobre “os desafios do crescimento sustentável”.

Não há dúvidas de que esse olhar estrangeiro sobre o Brasil é um dos reflexos de um momento histórico não só para nós, mas para todo o mundo que está em busca de novos paradigmas e novos modelos de desenvolvimento. Destaco, nesse processo, o papel que as políticas públicas sociais cumpriram dentro de um amplo projeto nacional que impulsionou o país e projetou uma alternativa viável dentre as possibilidades inclusivas.

Há uma visível mudança de rumos. Antes, éramos “o país do futuro”, onde o futuro mal se vislumbrava em um horizonte distante, principalmente para os mais pobres, historicamente excluídos dos projetos de crescimento. Hoje, esse futuro se faz presente, permite ser integrado aos sonhos de brasileiros e brasileiras que, no passado, mal tinham conseguiam erguer o olhar. A relação com as orientações políticas é clara: no país do futuro, a lógica economicista impunha a equivocada equação de “crescer para dividir o bolo”. Só fez nos distanciar do porvir. O futuro se viabilizou a partir do momento em que a hegemonia da orientação exclusivamente economicista começa a ser questionada pelo propósito de “incluir para crescer”. Foi essa a orientação que desembaraçou os fluxos da força do nosso país-continente.

De nossa experiência, temos de mostrar o quanto avançamos nos últimos anos, em maneira especial nos governos Lula. As pesquisas mostram que mais de 20 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema e aproximadamente 36 milhões ascenderam à classe média. Mas também não podemos desconsiderar os desafios que ainda são muito grandes. O Brasil ainda apresenta indicadores sociais muito baixos. Apesar de termos alcançado um bom Índice de Desenvolvimento Humano, ainda está muito aquém dos melhores patamares de um Estado de Bem Estar Social consolidado. Permanecem, embora reduzidas, as enormes desigualdades sociais e regionais.

Dentre os desafios, temos o de aperfeiçoar as políticas e investimentos sociais, passando pelo aprofundamento da integração das áreas sociais, pela normatização das políticas e definição de recursos. Só assim, conseguiremos seguir em frente com o propósito civilizatório de construir, de maneira democrática e participativa, uma Nação mais igual, capaz de enxergar, vivenciar e desenvolver seus melhores talentos.