Eu quero me dirigir a todas as pessoas amigas, pessoas de bem, pessoas de boa vontade, pessoas que trazem o Brasil no coração e têm compromissos efetivos e afetivos com o povo brasileiro, especialmente com os mais pobres, com aqueles que têm fome e sede de justiça.
A democracia do Brasil foi duramente agredida. A presidenta Dilma, eleita democraticamente pelo voto popular, está tendo seu mandato interrompido por aquilo que nós consideramos – e muitos juristas e pensadores do Brasil consideram – um golpe de Estado. É um golpe contra o mandato legítimo da presidenta; um golpe contra o Estado Democrático de Direito que construímos no Brasil com muita luta, vencendo a ditadura; e um golpe contra as políticas públicas sociais que nós implantamos no Brasil nos últimos anos – e eu me sinto participante desse processo porque, no governo do presidente Lula, fui ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quando implantamos o Fome Zero, o Bolsa Família, as políticas públicas de segurança alimentar e nutricional que levaram a FAO a reconhecer que o Brasil superou a fome; as políticas públicas da assistência social, quando consolidamos uma grande rede de proteção e de promoção dos pobres no Brasil.
Agora, no governo da presidenta Dilma, assumi, no início do ano passado – 2015 – o Ministério do Desenvolvimento Agrário. E, num período de menos de um ano e cinco meses, fizemos muitas realizações. Não fui um trabalho pessoal, individual meu. Foi um trabalho de equipe, de pessoas comprometidas com a agricultura familiar, com a função social da terra, com a reforma agrária. Buscamos novos horizontes, inclusive procurando integrar a questão rural com a questão urbana na perspectiva da alimentação, da terra, da água, dos recursos naturais.
Neste momento em que me afasto do Ministério do Desenvolvimento Agrário, reassumo o meu mandato de deputado federal por Minas Gerais. E lá nós vamos continuar na mesma luta, onde sempre estivemos, desde a minha juventude, desde os tempos de movimento estudantil: a luta pela liberdade, a luta pela democracia – para preservarmos no Brasil a grande conquista do Estado Democrático de Direito, dos direitos fundamentais; a permanência de um clima em que as pessoas possam conviver, em que as pessoas que pensam de forma diferente possam dialogar e interagir; um país que respeite e promova as diferenças; e o nosso compromisso com os pobres, com as trabalhadoras e os trabalhadores de baixa renda, com a justiça social, com a função social da terra, com as reformas básicas – agrária, urbana, tributária – que são fundamentais pra que o Brasil possa alcançar o seu grande destino enquanto uma pátria unificadora de todos nós, mais de 200 milhões de brasileiros e de brasileiras que temos o direito a uma vida digna.
O nosso compromisso é transformarmos em realidade o verso do Hino Nacional brasileiro: “dos filhos deste solo és mãe gentil”. Nós queremos que o Brasil seja cada vez mais a mãe e o pai gentis de toda a população brasileira. E para isso é fundamental que não existam pessoas excluídas, marginalizadas, sem acesso aos direitos e aos bens básicos da vida.
Uma pátria é aquela que assegura a todos os seus filhos e filhas um patamar comum de direitos e oportunidades. E nessa luta nós estaremos sempre presentes.
Conto com a solidariedade de todas as pessoas que acreditam, como nós acreditamos, no futuro do Brasil e no futuro do povo brasileiro.
Muito obrigado. E vamos juntos.