Patrus Ananias
Uma frase de Martin Luther King, nos anos 1960, marcou-me profundamente: “Uma sociedade que produz mendigos deve ser reestruturada”.
Meio século depois, essa ainda é a nossa maior luta. Se antes “mendigos” era um termo para designar as pessoas que moravam nas ruas, “sem ter um cantinho seu para poder descansar”; hoje, população em situação de rua é sinônimo de luta por uma política pública de moradia, contra a desigualdade social, por dignidade. Uma luta pela vida!
Encontramos aí a pobreza na sua manifestação mais sofrida. Pessoas, famílias que não têm um lar, um espaço de recolhimento e privacidade. Dependem de outras pessoas para se alimentarem muito mal e precariamente, quando se alimentam. A fome as acompanha. Roupas e agasalhos também dependem da boa vontade de terceiros.
O aumento assustador das populações em situação de rua decorre do aumento do desemprego e da pulverização das políticas públicas sociais voltadas para os mais pobres, como o Programa Bolsa Família articulado com as políticas públicas da assistência social, da segurança alimentar, do direito à moradia.
Uma sociedade reestruturada e fundada nos valores éticos da justiça e da solidariedade assegura a todas as pessoas os direitos fundamentais vinculados à alimentação, à moradia, aos espaços convivenciais, ao trabalho, à renda para pessoas, famílias e comunidades mais fragilizadas. Em face do sofrimento inaceitável das pessoas em situação de rua, devemos reafirmar nossos compromissos para realizarmos o sonho de Luther King, Prêmio Nobel da Paz e um dos profetas do nosso tempo.