O deputado federal Patrus Ananias participou na manhã de hoje do Seminário Justiça de Transição e Estado Democrático de Direito, realizado pela Faculdade de Direito da UFMG, que também homenageou o líder estudantil José Carlos da Matta Machado, o Zé, morto pela ditadura há 50 anos.
Formado na instituição, Patrus Ananias lembrou da relação intensa com a família e pai de José Carlos, o professor Edgar de Godoy da Mata Machado, pessoa íntegra e amorosa, que o influenciou em sua formação e foi um defensor da democracia.
Ao falar do tema do Seminário, o deputado pontuou os desafios da democracia. “A democracia é o espaço do conflito, as sociedades democráticas são sociedades conflitivas; o grande desafio é como processar esses conflitos de forma pacífica e dialogante. Mas está muito claro a hegemonia do dinheiro, do neoliberalismo”, ressaltou o deputado.
Para ele, no quadro internacional a crise da democracia se dá pela ausência de lideranças, fragilização dos movimentos sociais, avanço da direita e das ideais neoliberais. “Já no Brasil, vivemos a desqualificação da política, um desafio para nós, a maioria das pessoas não se interessa pela política. E há também um rebaixamento cultural e ética nos poderes legislativos”.
Há ainda outras questões históricas a serem enfrentadas, para Patrus Ananias: o legado da escravidão, a concentração das terras, o patriarcado, a corrupção eleitoral e mais recentemente o legado da ditadura.
O deputado lembrou que na redemocratização “os militares foram cedendo”. “Os militares marcaram presença e veio a ideia da anistia ampla geral e irrestrita, para os dois lados, colocando no mesmo nível, os crimes da ditadura, contra presos políticos indefesos, e os eventuais atos praticados pelos companheiros comprometidos com a ditadura”. Falaram sobre o tema as professoras Tayara Talita Lemos, Carolina Dellamore Batista Scarpelli e Júlia Guimarães.
Antes, na mesa de abertura, a reitora da UFMG Sandra Goulart, exaltou aqueles que lutaram pela democracia e da necessidade de resgatar suas histórias. Ela lembrou que como Zé, outros estudantes foram perseguidos e mortos pela ditadura e reafirmou a vocação democrática da instituição. “Democracia é o segundo nome da nossa universidade”, afirmou a reitora.
Ela lembrou também da recente contribuição do deputado Patrus Ananias na apresentação de substitutivo que propõe eleições diretas para reitor e vice-reitor das universidades federais, em substituição à lista tríplice.
Também na mesa de abertura, Marcelo Cattoni, professor da Faculdade de Direito; Júlia Guimarães, coordenadora do seminário, Monica Sette Lopes, vice-diretora da Faculdade de Direito; Eduardo Soares Neves Silva, pró-reitor adjunto de Pós-graduação; e Osvaldo Capelari, presidente do Centro Acadêmico Afonso Pena da Faculdade de Direito, instituição que foi também presidida por Zé Carlos.