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Além da implantação de sistemas produtivos, estão previstas ações de formação e a implantação de rede de trocas e comercialização

Produção e instalação do pergolado na Casa de Caridade Jacob do Oriente

Após um período de planejamento e mobilização, começaram as obras de implantação de sistemas produtivos, atividade que integra o Projeto Sem Folha, não tem Orixá: Povos de Axé, Agroecologia e Cultura Alimentar. O projeto busca a valorização da cultura e do saber tradicional do povo de terreiro e foi viabilizado via emenda parlamentar do mandato do deputado federal Patrus Ananias em parceria com o mandato do vereador Pedro Patrus.

Com as obras de implantação dos sistemas de produtivos iniciadas em quatro unidades territoriais tradicionais (UTTs) de matriz africana e as compras de material em finalização, os próximos passos do projeto, a partir de agosto, serão a articulação da rede de trocas e comercialização ao mesmo tempo em que inicia levantamento das demandas para a realização dos ciclos de oficinas sobre cultura alimentar do povo de terreiro.

O cronograma foi impactado pela pandemia do coronavírus e o projeto que começou em janeiro de 2021 só pode ser retomado em junho, mas em poucas semanas, em regime de mutirão, foram construídas cercas vivas, horta suspensa, galinheiro e pergolato nas UTTs Nzo Atim Kitalodé, Ilê Wopo Olo Jukan, Nzo Jindanji Lunda Kioko e Casa Pai Jacó do Oriente, em Belo Horizonte.

Horta suspensa e galinheiro integram o sistema produtivo dos terreiros

E os mutirões continuam. “Aguardamos a marcha da vacinação para iniciarmos as atividades com todos os cuidados necessários”, enfatiza o coordenador do projeto e da organização não governamental Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE), Marcos Jota.

Para viabilizar a proposta, construída de forma coletiva com os representantes dos terreiros, foi contratada profissional por meio de chamamento público para articular a rede de trocas e comercialização. “Uma profissional que integra um dos terreiros. É o povo do terreiro fazendo por ele mesmo. Trabalhamos como facilitador do processo, valorizando o protagonismo e o saber tradicional”, explica Marcos Jota.

Mutirão para construção da cerca viva na UTT Nzo Atim kitaloide e na Ilê Wopo Olo Jukan

Nos próximos dois meses, temas presentes no diálogo entre a ONG e as quatro UTTs incluem demandas sobre espécies de plantas e de animais necessários para a implantação dos sistemas produtivos. Essas informações serão usadas inicialmente para estabelecer uma rede entre os terreiros e na sequência com agricultores urbanos e familiares com práticas agroecológicas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As plantas e animais têm as dimensões do alimento, do sagrado e do medicinal nos eventos de religiões de matriz africana e essa rede vai permitir a compra direta.

A contratação dos educadores para o ciclo de formação também segue a diretriz de valorização da cultura e do saber tradicional, assim como os temas, a freqüência, o público e os profissionais que atuarão nas oito oficinas a serem realizadas em outubro em cada uma das quatro UTTs.

A parceria entre os dois parlamentares destinou R$ 300 mil para o projeto e reflete o compromisso com a segurança alimentar, com o respeito e a preservação da diversidade cultural, condições essenciais para a soberania nacional.