Patrus Ananias de Souza
As pessoas que me conhecem sabem que procuro sempre respeitar as diferenças e os diferentes. Sempre gostei de ler, ouvir e dialogar com pessoas que tenham leituras da vida e da realidade diferentes da minha. É a busca do encontro, do diálogo, da construção de consensos e possibilidades compartilhadas. A construção da paz!
Na Câmara dos Deputados, sempre busquei, no plenário e nas comissões, essa troca de olhares e de ideias que é sobretudo a busca do amor, o valor nuclear da tradição cristã. Fiz, assim, boas amizades.
Convivi com Jair Bolsonaro na Câmara. Com ele não foi possível o diálogo, a boa prosa. Sempre intolerante, agressivo e provocador. Nenhum apreço pelos princípios e valores democráticos. Ao contrário, faz a apologia da ditadura, da violência, da tortura, como vi e ouvi muitas vezes.
O seu governo reafirmou e aprofundou esses procedimentos. Além das ameaças e ações contra o Estado Democrático de Direito e os Direitos Fundamentais, assumiu de forma muito visível o desmonte das políticas públicas. Em quatro anos de mandato, teve cinco ministros da Educação. Todos totalmente despreparados e com gravíssimas evidências de corrupção. O objetivo é claro: acabar com a escola pública, desde a educação infantil às universidades.
A tragédia se repete no Ministério da Saúde e outros ministérios, com o fim das políticas referentes à agricultura familiar, à segurança alimentar, à assistência social, ao Programa Bolsa Família. O Auxílio Brasil tem data de validade – o período eleitoral. Bolsonaro tem desapreço total pela nossa cultura, pela nossa história, pelos valores que coesionam a nossa sociedade brasileira. Promove a entrega o patrimônio nacional.
Bolsonaro usa em vão o nome de Deus e da Pátria. Jesus de Nazaré já advertida: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai”. Onde estão nas suas palavras e ações os ensinamentos de Jesus, relacionados com o amor, o perdão, a justiça, a solidariedade, a compaixão? “Bem-aventurados os que promovem a paz”, “Eu tive fome e me destes de comer”. Lembremos a parábola do bom samaritano, a íntegra das bem-aventuranças. Em que momento encontramos em suas palavras e gestos o compromisso com a vida, com o bem comum?
Como pensar a soberania e o projeto do nosso país, comprometido com as gerações presentes e futuras, a partir do ódio, do sectarismo, com as divisões que ameaçam a nossa integridade territorial e o sentimento de irmandade nacional, que devem prevalecer entre nós, brasileiras e brasileiros?
O nosso patrimônio maior é o Brasil. Saibamos com sabedoria distinguir os que realmente amam a nossa grande e querida pátria brasileira e os que querem, usando seu nome, dela se aproveitar para os seus projetos pessoais, familiares e de grupos e interesses econômicos.
Que Deus nos conceda o dom do discernimento e da sabedoria!