Viagem é marcada por debates sobre a conjuntura nacional e estadual

Na semana passada, o deputado federal Patrus Ananias retornou ao Vale do Jequitinhonha, onde percorreu cinco municípios, com início na histórica Diamantina, em seguida Berilo, Virgem da Lapa, Araçuaí e Jequitinhonha. Foram centenas de quilômetros em quatro dias de viagem, na qual se dedicou principalmente a escutar as lideranças políticas, sindicais e comunitárias, trabalhadores, educadores e estudantes, ativistas sociais e culturais. Na agenda de trabalho também foram incluídas visitas às Feiras Livres e Escolas de Família Agrícola (EFA) da região.

Foram excelentes oportunidades para refletir sobre a atual conjuntura nacional, marcada pelo desmonte do Estado e das políticas públicas sociais. “Estou convencido de que somente a participação popular e a manifestação de todos aqueles que se encontram no campo democrático farão a diferença no cenário político e na construção do desenvolvimento calcado nas potencialidades regionais”, afirmou o parlamentar.

Os debates abordaram também a Reforma Administrativa, a PEC 32, e suas perversas consequências para os servidores públicos e para a democracia; e a entrega do patrimônio brasileiro nas privatizações de empresas estratégicas como os Correios, CEF, BB, Eletrobras, Petrobras e a CeasaMinas. “Devemos enfrentar os desafios com esperança”, foi a mensagem do parlamentar.

“Uma noite em que se discutiu a atual conjuntura política deste país, as eleições de 2022 e a crise sanitária pela qual passa o nosso país. É necessário elevar o nível de formação e reflexão política. Precisamos cultivar a esperança”, concluiu Luciano Siveira, após encontro em Araçuaí.

A agricultura familiar, sua importância como política pública, também foi objeto de conversa com líderes comunitários e políticos, professores e ativistas culturais do Vale.

“Percebi uma forma de fazer política “integral”: conhecimento, sensibilidade, valorização da dialética na construção de estratégias, abertura para ouvir diversas opiniões, mesmo que algumas totalmente contrárias aos princípios e valores que defendemos. Estamos à disposição para continuarmos na retomada ou reconstrução do projeto de sociedade que outrora foi muito importante para todo o Brasil e que agora está sendo desmantelado por esse genocida!”, disse João Batista, diretor da Escola Família Agroecológica de Araçuaí.

Agricultura familiar
Nos municípios de Virgem da Lapa e Jequitinhonha, o parlamentar conheceu a EFA de Virgem da Lapa e a EFA Renascer e reafirmou a posição de defensor da iniciativa. Nessa perspectiva, o mandato investiu, por meio de emendas parlamentares, em Escolas de Família Agrícola na região, inclusive a de Virgem da Lapa. “Temos um desafio de garantir educação de qualidade sem romper com os vínculos comunitários, ou seja, sem romper com sua origem rural”, afirmou o parlamentar.

Além dos encontros marcados pelo debate sobre a conjuntura nacional e estadual, o deputado percorreu as feiras livres nos municípios de Virgem da Lapa e Araçuaí. Feiras assim são comuns na região e mais que espaço de comercialização de produtos da agricultura familiar, por elas circulam culturas e identidades.

No tempo-das-águas, como diz o povo do Vale, são vendidos produtos da lavoura e os frutos da coleta – pequi, jatobá, panã, marolo, cagaita, coquinho-azedo, mangaba, coco-sapucaia; já no tempo-da-seca a oferta muda: são produtos com maior valor agregado, como as farinhas, cachaças e doces; mas, principalmente, é a época dos produtos das hortas, exigentes em trabalho.

A escassez hídrica
“E estamos na seca. É triste ver os rios do nosso Vale do jeito que estão; temos que pensar em um desenvolvimento regional e participativo, que envolva todas as pessoas. Foi o que enfatizei em encontro com lideranças políticas, sindicais e comunitárias da cidade e região, ao debatermos a função social da terra”, explica o deputado Patrus.

O rio Jequitinhonha, um dos mais importantes de Minas, com pouco mais de mil quilômetros de extensão, está com o leito estreito e bem abaixo do nível normal, não só por conta da escassez de chuva, mas pelo desmatamento e uso irregular das terras; um de seus afluentes, o Rio Araçuaí, além de seu baixo volume de água, está poluído. São agressões ao meio ambiente que trazem graves consequências para todos nós e para as quais precisamos de ações urgentes por parte dos governos federal e estadual.

“A questão da água é fundamental, e torna-se cada vez mais urgente a preservação das nascentes e da biodiversidade. O Vale não é pobre, é uma região esplendida, foi empobrecida pela falta de investimentos públicos. Termino esta viagem com uma certeza: nos tempos difíceis em que vivemos, não podemos sucumbir! Devemos ter esperança!”.