A falta de diálogo e de transparência do Ministério da Defesa torna suspeitas as intenções do governo sobre o futuro da base militar de Alcântara, no Maranhão.
“Lembrando nosso compositor Caetano Veloso: a que será que se destina o que eles estão querendo fazer lá em Alcântara?”, questionou Patrus, durante audiência em que a Comissão de Direitos Humanos examinou o crescimento da violência praticada no país contra as comunidades quilombolas e, em especial, a situação das famílias vizinhas à base de Alcântara. Elas acusam o governo de querer removê-las para expandir a área da base, no contexto de um acordo aeroespacial em negociação com os Estados Unidos.
Patrus criticou o silêncio do governo sobre o assunto e a ausência de representantes oficiais na audiência.
“Requeremos a presença do Ministério da Defesa e da Casa Civil. Não estão presentes. Há mais tempo, o ministro Raul Jungmann esteve aqui, em outro debate. Quando o interpelei sobre Alcântara, ele respondeu: ‘O acordo que se fez está muito mais voltado para a área comercial. Eu posso lhe mandar isso, deputado Patrus. Peço, inclusive, ao general Marcos, que lhe envie para que possa examinar e computar se é exatamente isso. (…) O Centro de Lançamento de Alcântara é outro ótimo tema para conversarmos’. E eu nunca mais tive nenhum retorno, nunca mais nenhum esclarecimento. Pedimos essas informações ao general Marcos e, infelizmente, não as obtivemos.”
Patrus questionou também os interesses e os recursos que estariam financiando o desenvolvimento do Centro de Lançamento de Alcântara.
“Há uma coisa que nos incomoda profundamente e que precisamos colocar em pauta: foram cortados recursos da área de pesquisa, por conta da Emenda Constitucional 95 que desconstitui a nossa Constituição e congela o Brasil por 20 anos, em todas as áreas. Foram cortados recursos das Forças Armadas. Então, com que recursos eles estão fazendo o desenvolvimento de Alcântara? A quem interessa? Quais os interesses que estão por trás disso?”