Comemoramos hoje os 38 anos de fundação do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST) ainda com muitos desafios nesta que é a principal
bandeira do movimento: a realização de uma ampla reforma agrária popular, que
garanta o direito de posse e uso da terra para todos que nela trabalham, além
de comunidades originárias (indígenas, ribeirinhos, seringueiros, geraizeiros e
quilombolas), em um país secularmente baseado no latifúndio agroexportador.
Ainda hoje é preciso discutir a aplicação efetiva do
princípio social da propriedade. “Não se trata de negar o direito de
propriedade. Trata-se de adequá-lo aos outros direitos fundamentais, ao interesse
público e ao desenvolvimento integral, integrado e sustentável do Brasil, o
nosso bem maior”, já disse em outras ocasiões.
As políticas de desapropriação de terras, aliadas ao apoio à
agricultura familiar, ao incentivo à agroecologia, ao cooperativismo, ao
desenvolvimento sustentável, implementadas durante os governos Lula e Dilma,
trouxeram inúmeros benefícios para a sociedade brasileira.
O MST, em sua trajetória, nos mostrou que é possível
democratizar o acesso à terra e produzir alimentos saudáveis, livres de
agrotóxicos, para toda a população, garantindo a soberania alimentar e a
preservação ambiental. Mostrou também a importância da conscientização e da
participação popular para a promoção da cidadania e de como um movimento
comprometido com a justiça social pode nos auxiliar a construir um projeto de
país.
“Ignorar ou negar a permanência da desigualdade e da
injustiça é uma forma de perpetuá-las. Por isso, não basta continuar derrubando
as cercas do latifúndio; é preciso derrubar também as cercas que nos limitam a
uma visão individualista e excludente do processo social”. Esse trecho de minha
fala na posse no Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2015, cai como luva
para a ação do MST.
Nossa luta, hoje, é pela reforma agrária e contra a violência
no campo e a tentativa de criminalização dos movimentos sociais perpetrada pelo
governo Bolsonaro. Por isso, dizemos: vida longa ao MST!