“(…) A leitura que faço, deste momento que o país está vivendo, é que as forças políticas, econômicas, sobretudo, que estão trabalhando com a perspectiva de impedimento da presidenta Dilma Rousseff, estão fazendo isso não pelos nossos erros, ou pelos erros de pessoas militantes do partido dos trabalhadores ou por partidos nossos aliados que cometeram erros graves que devem ser explicitados e as pessoas penalizadas nos termos da legislação do país. A leitura que eu faço é de que estas forças estão contra nós pelos nossos acertos. E quais são estes acertos? As políticas sociais, o combate à pobreza.”“O êxito do Bolsa Família, que não é um programa isolado, está vinculado a um contexto de políticas públicas. Nós consolidamos o Sistema Único da Assistência Social, que está vinculado às políticas públicas de segurança alimentar; o programa Fome Zero, que aprovamos no Congresso Nacional em 2005; outras políticas sociais, como o Luz para Todos, que iluminou o Brasil inteiro. Temos o ProUni e o Fies, que garantiram o acesso à universidade a um milhão e meio de filhos e filhas de trabalhadores; e dezenas de novas universidades e centenas de institutos tecnológicos foram criados. Os programas de apoio à agricultura familiar, que garantem um preço justo na compra do produto do agricultor e, na outra ponta, garantem alimento às famílias em estado de insegurança alimentar; a merenda escolar; a garantia de terras para comunidades tradicionais, como os quilombolas; o programa Minha Casa, Minha Vida – são quase três milhões de casas entregues, garantindo moradia digna para famílias de baixa renda. Estes são alguns dos programas sociais do governo.” “O DNA destas forças atuais é o mesmo daquelas que levaram ao suicídio o presidente Getúlio Vargas; que tentaram dar o golpe em 1961, quando da renúncia do presidente Jânio Quadros; das que deram o golpe em 1964 e que, não satisfeitas, deram um novo golpe com o Ato Institucional número 5, de 1968, e que desde 2004, com o apoio da grande imprensa brasileira, já combatiam o governo apontando acusações para o Bolsa Família. Hoje vemos que nós subestimamos estas forças e, agora, eles já falam em desvincular os recursos comprometidos com a saúde e a educação.”
“No momento atual, quando se atravessa uma crise em que os recursos estão escassos em todo o mundo, estas forças que trabalham pelo impedimento da presidenta Dilma querem discutir como o Estado pode financiar de novo os ricos no Brasil e, para fazer isto, tem que tirar dos pobres. Então esta é a discussão posta no país. É uma disputa contra as conquistas sociais que nós tivemos nos últimos anos e que nós consideramos tímidas”.
(Patrus Ananias ao encerrar para alunos e professores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, na noite de 29 de abril, em Belo Horizonte, o segundo seminário do Ciclo de Debates sobre a Função Social da Terra, realizado em parceria do Grupo de Estudos de Direito Agrário do MDA com a Faculdade de Direito Milton Campos e a PUC).