“Fruto de golpe”, “sem legitimidade”, “não venceria nas urnas”. A Folha ouviu lideranças de cinco movimentos sociais que levaram multidões a protestos contra o impeachment sobre as perspectivas de atuação durante o governo interino de Michel Temer, que garantem: não vão sair das ruas.
“Seremos oposição e não há diálogo”, afirma Raimundo Bonfim, coordenador-ge-ral da CMP (Central de Movimentos Populares) e membro da coordenação nacional da Frente Brasil Popular, congregação de 65 movimentos de esquerda que organizou grandes atos no Vale do Anhangabaú e na avenida Paulista, em São Paulo.
“Nós entramos a partir de agora em um período de instabilidade social”, afirma o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos.
Posição similar tem o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). “Continuaremos fazendo as nossas lutas em defesa da reforma agrária, ocupando latifúndios e reivindicando crédito e políticas públicas para os assentamentos”, diz João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do grupo.
“Nossa relação é estritamente de pressão e luta, de negação e contrariedade”, diz Thiago Ferreira, da coordenação do Levante Popular da Juventude, que ganhou notoriedade após promover uma série de escrachos de políticos e entidades favoráveis ao impeachment.
O Levante promete “continuar perseguindo e escrachando Temer por onde ele for, denunciando seu papel como grande promotor do golpe” até derrubá-lo.
“Não dá para ter um presidente representando o povo brasileiro sem intenção de voto nas pesquisas, com um programa que o povo não escolheu”, diz Carina Vitral, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Ela lembra que o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, é do DEM, partido que entrou com ação de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) contra as cotas e o Prouni.
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1771630-esquerda-diz-nao-haver-dialogo-com-temer-e-planeja-intensificar-protestos.shtml