Conseguimos rejeitar na Câmara (08/12) o requerimento de
urgência para a votação do PL Antiterrorismo, que cria a polícia política e
secreta do governo Bolsonaro, uma tentativa de criminalizar seus opositores,
como os movimentos sociais.
A proposta representa uma ameaça à democracia e comprova o perfil autoritário
do atual governante, que diversas vezes ameaçou intervir ou desrespeitar os
demais poderes. Também, repetidas vezes, Bolsonaro afirmou que não reconhecerá
o resultado das eleições 2022, caso não seja reeleito.
A origem do projeto é de autoria de Bolsonaro, apresentado em 2016, quando
deputado federal. Sob o pretexto de combater o terrorismo, a proposta foi
reapresentada pelo deputado bolsonarista, líder do PSL, Vitor Hugo (PSL/GO),
por meio do PL 1595/19, que propõe estabelecer o Sistema Nacional
Contraterrorista e a Política Nacional Contraterrorista, subordinados ao
Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República,
confirmando a ampliação dos poderes do presidente.
Pela proposta, será concedido ao presidente amplo acesso a informações
privilegiadas e dados privados de toda a população, representando uma
superestrutura de vigilância e infiltração nos movimentos sociais e políticas.
A polícia política ficará encarregada de coordenar o emprego das forças
militares e policiais até mesmo estaduais, em ameaça ao Pacto Federativo;
mobilizar qualquer servidor público e cidadão e coordenar unidades de
inteligência para tanto apoiar intervenções em todo o território nacional
quanto fornecer informações para atuação secreta das forças policiais e
militares em caso de estado de defesa ou de sítio.
O projeto “coloca em risco qualquer manifestação de oposição a qualquer
governo, além de ameaçar as liberdades fundamentais, em particular as
liberdades de expressão e associação. Trata-se de ferramenta de repressão que
comprometerá ainda mais a segurança das vozes dissidentes que já vêm sendo
perseguidas, inclusive pelo recurso à recém revogada Lei de Segurança Nacional
(LSN)”, afirmam os movimentos sociais em nota assinada por 26 organizações
sociais, dentre elas, o Movimentos dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).
É importante que a sociedade brasileira se mobilize para mais este
enfrentamento em defesa do Estado Democrático de Direito, exercendo o legítimo
direito de pressão junto aos parlamentares para impedir mais este retrocesso
que o desgoverno Bolsonaro tenta impor aos brasileiros.