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patrus aula abcO ministro Patrus Ananias afirmou a estudantes e professores da Universidade Federal do ABC, na tarde desta segunda-feira (26), que “as mesmas forças políticas, econômicas e midiáticas” que protagonizaram golpes e tentativas de golpes, entre os anos 50 e 70, querem derrubar a presidenta Dilma Rousseff para se apropriar de recursos públicos agora destinados aos pobres.
A acusação do ministro foi feita durante a aula magna que proferiu, no auditório do campus de São Bernardo (SP), ao abrir a disciplina de Economia Política da Segurança Alimentar do curso de graduação em Relações Internacionais.
Patrus falou sobre a função social da propriedade, as políticas de desenvolvimento agrário e a segurança alimentar. E respondeu perguntas de alunos e professores sobre esses temas e também sobre a crise com que o país convive.

Os principais trechos das declarações do ministro:
“Eu penso que nós temos no Brasil, neste momento, dois projetos em disputa. As forças que querem afastar a presidenta Dilma e estão comandando o processo de impedimento são as mesmas forças políticas, econômicas e midiáticas – a começar pelas organizações Globo, a Rede Globo – que levaram Getúlio Vargas ao suicídio em 1954; as mesmas que tentaram dar um golpe em 1961 quando o presidente Jânio Quadros renunciou; as mesmas forças que deram o golpe em 31 de março e 1º de abril de 1964 quando depuseram o presidente João Goulart; as mesmas que deram o golpe com a edição do Ato Institucional número 5 em 13 de dezembro de 1968. São, em todos os casos, as mesmas forças conservadoras. Elas não estão querendo agora tirar a presidenta Dilma pelos nossos erros – e, de fato, cometemos erros pelos quais devemos fazer muito mea culpa na vida, bater no peito e se arrepender mesmo pelos pecados cometidos. As forças conservadoras querem nos tirar pelos nossos acertos e não pelos nossos erros. Os nossos erros não importam pra elas, não, até porque elas são escoladas nisso. O que fizemos de besteiras – e por fazermos devemos pedir perdão ao povo brasileiro – elas passaram 500 anos praticando. Ou alguém imagina que aquele pessoal todo que votou pelo golpe invocando o nome de Deus – que tristeza! – , invocando o nome da família… Será que aquele povo é santinho? Que votou bonitinho?”
“A disputa é política. Eles querem nos tirar por conta dos avanços – que eu considero até tímidos – que nós tivemos na área social. Começa pelo Bolsa Família. Eles andam falando que o Bolsa Família tem que ser submetido a ajustes, que tá muito gordinho o programa. E logo vão começar a tirar o dinheiro dos pobres.
O que está em disputa é quem vai se apropriar dos recursos; pra onde é que irá o dinheiro público. A leitura que eu faço é a de que eles estão dizendo o seguinte: “Já foi demais pra os pobres! Pára com isso! Cadê vantagem pra nós aqui?!”

“Eu penso que o mandato da presidenta Dilma deve ser defendido com muito vigor. Eu tenho uma avaliação muito inquieta sobre os desdobramentos e o que possa acontecer no Brasil se a presidenta Dilma for afastada. Porque vai ser um golpe. Você não afasta uma presidente da República porque não gosta dela, porque ela está com popularidade baixa nas pesquisas. Essa conversa das pedaladas fiscais todo mundo sabe que é brincadeira, né. Ela está sendo afastada porque não tem, neste momento, maioria no Congresso.”

“Eu penso que nós vivemos no Brasil, ainda, um capitalismo selvagem. O desafio que se coloca hoje pra nós é disciplinarmos, estabelecermos regras e limites para o capitalismo no Brasil, considerando as exigências do direito à vida, da dignidade humana, do bem-comum, do interesse público, do bem nacional. Nós vamos ter que quebrar esse capitalismo selvagem. Tem a ver com os transgênicos, com os agrotóxicos, tem a ver com a reforma agrária, reforma urbana, reforma tributária. Eles não podem fazer o que querem, não. Em nome do ganho, eles não podem fazer o que querem, não. Tem que medir as consequências. Tem que ver o impacto na sociedade, na vida das pessoas hoje e amanhã. Eu acho que esse é o grande desafio que nós temos. Nós temos que discutir um pacto no Brasil e o pacto é esse – para disciplinar o capitalismo. Eu acho que tudo isso vai depender da conscientização da sociedade. Nós precisamos colocar a sociedade brasileira mais atuante – as universidades, os movimentos sociais, o mundo da cultura, do pensamento, o mundo artístico, a juventude, as igrejas…Precisamos de uma sociedade mais inquieta, mais cidadã, que vote com mais consciência, que valorize mais seu voto, que três ou quatro anos depois saiba em quem votou, que saiba das consequências do seu voto. Precisamos cobrar um pouco mais de nós mesmos e das pessoas próximas de nós. Acho fundamental que as pessoas comecem a ter voz e vez; comecem a exercer a sua cidadania, os seus direitos e deveres políticos”.

“Nós precisamos promover um desenvolvimento mais efetivo, mais vigoroso, da agricultura familiar, inclusive para a produção de alimentos para o consumo interno. Estamos desafiados a fortalecer a agricultura familiar como opção econômica. A mídia brasileira conseguiu passar a ideia de que agricultura familiar e de que reforma agrária são coisas superadas, ultrapassadas. É muito difundida, por exemplo, a ideia de que tem que usar agrotóxico mesmo, de que tem que usar semente transgênica – que isso é moderno, isso é desenvolvimento e nós estamos atrasados quando discutimos ou queremos discutir reforma agrária, função social da terra, agricultura familiar. Agora, começam a aparecer alguns problemas. Por exemplo, o Brasil importou e está importando arroz e feijão. Então eu vejo assim: nós temos que ter uma prioridade, que é produzir alimentos para o povo brasileiro. Temos que ter uma política vigorosa de produção de alimentos que o povo brasileiro come: arroz, feijão, mandioca, hortifrutigranjeiros… Nós não podemos ficar produzindo só em função do comércio internacional, porque aí realmente dá dó. O império da soja é poderoso demais. Um país como o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes e com as possibilidades extraordinárias que tem para produzir alimentos, não pode ficar dominado só pelo mercado internacional.”

http://www.mda.gov.br/sitemda/noticias/querem-tirar-dinheiro-dos-pobres-acusa-patrus