Celebramos hoje o centenário de nascimento deste brasileiro extraordinário, Dom Paulo Evaristo Arns, um religioso que fez a opção preferencial pelos pobres, pelos trabalhadores e pelos moradores da periferia. Um líder para além de sua religião, que se tornou exemplo na defesa dos direitos humanos, por sua luta contra os horrores da ditadura militar, as perseguições políticas e as torturas, e pela redemocratização do país, no movimento das Diretas Já!.
Nascido em Santa Catarina, dom Paulo Arns era franciscano da Ordem dos Frades Menores. Ordenado sacerdote em 1945, estudou na Sorbonne, na França, onde formou-se em estudos brasileiros, latinos, gregos e literatura antiga. Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Foi nesta época que iniciou sua luta corajosa contra o autoritarismo, as prisões arbitrárias e as violações dos direitos humanos.
Em 1972, criou a Comissão Brasileira Justiça e Paz, que articulou denúncias contra abusos da ditadura. Chegou a ser fichado no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em 1979. Ao lado do pastor presbiteriano Jaime Wright, foi articulador do projeto Brasil: Nunca Mais, que reuniu documentos oficiais sobre a prática da tortura no Brasil nos anos de chumbo. Em 1985, o cardeal criou junto com sua irmã Zilda Arns, a Pastoral da Infância, falecida em 2010 no Haiti.
Arns faleceu em 14 de dezembro de 2016, aos 95 anos, deixando um legado de esperança e coragem. Hoje mais do que nunca, no cenário atual que o país vive, seu exemplo continua a nos inspirar na luta pela democracia, por solidariedade, respeito, justiça social, contra a cultura do ódio e a favor da paz!