121 anos da nossa capital das Minas completam-se hoje. Para uma cidade, 121 anos representam uma história ainda recente. Mas trata-se aqui de uma história viva, rica, que aponta na direção do futuro.
Belo Horizonte é a cidade que me acolheu definitivamente há 47 anos. Vim para a capital estudar, chegado da minha Bocaiuva natal, e constituí aqui minha vida familiar, profissional e política. Tive o prazer e honra de ser o relator da Lei Orgânica de BH, além de prefeito de nossa capital, tão bem avaliado ao encerrar o mandato. Minha alegria é imensa ao saber que contribuí com essa história.
Hoje quero destacar duas dimensões que despontam na história da capital mineira.
Primeiro, a dimensão social. Dimensão libertária, dos pobres e sua inclusão na cidade. Pelo projeto original da cidade, a avenida do Contorno seria uma barreira – os pobres ficariam de fora. Junto dos movimentos sociais, os pobres nunca aceitaram essa exclusão – são eles também parte da cidade, merecedores dela.
Em 1983, ainda dentro da ditadura, foi concebido o PROFAVELA – Programa Municipal de Regularização de Favelas – para garantir a regularização fundiária de vilas e favelas. Esse programa garantia a integração dessas áreas ao mapa da cidade formal, buscando elevar a qualidade de vida dessas populações com a oferta de serviços públicos e a legalização da posse da terra. O Profavela foi um dos resultados de impacto de um longo processo de luta que uniu os moradores de periferia e os movimentos sociais.
A outra dimensão é a cultural. Tantos talentos, de diversas vertentes da cultura, aprenderam e iniciaram aqui seu ofício de ampliar nossa experiência de mundo. Tivemos a Geração de 20, com Drummond, Emílio Moura, Pedro Nava, Abgar Renault. Tivemos Guimarães Rosa, gênio que traçou pista própria. Depois a Geração de 45, com Fernando Sabino, Autran Dourado, Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende. Temos o Clube da Esquina despontando a partir dos anos 70 e bandas como Skank e Pato Fu a partir dos anos 90. Temos ainda a forte tradição do teatro, da dança, do cinema, dos quadrinhos – diretores, atores, bailarinos, ilustradores, roteiristas, coreógrafos e outras centenas de profissionais das artes que exportamos para o Brasil e o mundo.
Para estes 121 anos, retomo nestas duas dimensões tão fortes da identidade de BH todo meu carinho por essa terra e meu compromisso em valorizar suas potencialidades e em trabalhar por ela, buscando sempre seu melhor.