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Nas Quebradas do Taquaril terá exposição de telas e roda de conversa na Casa do Hip Hop

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A primeira edição do Projeto Democracia na Laje acontece no próximo sábado, 5 de outubro, na Casa do Hip Hop, no bairro Taquaril, zona leste de BH. Democracia na Laje é uma proposta de mobilização e formação política nas periferias de BH e região metropolitana.  De caráter itinerante, a ideia é promover o debate e a reflexão sobre a realidade local.

“Os meninos passaram a ver o território de forma diferente. Conseguiram enxergar beleza no local onde vivem e moram”, explica o oficineiro e arte educador Lucas Alfa, responsável pela oficina de pintura, que reúne desde o início do mês de setembro 15 jovens moradores do bairro Taquaril, na Casa do Hip Hop.

As 15 telas, em produção na oficina, serão expostas e objeto de debate e reflexão em roda de conversa, para a qual também foram convidados os pais e responsáveis dos meninos e meninas envolvidos. “Eu já me interessava por desenho, aprendi sozinho e quando soube da oficina de pintura quis fazer parte”, explica Thales de Souza, de 20 anos.  Thales escolheu o portal do bairro para pintar e com a foto do portal na mão, arremata. “Escolhi o portal por que é um marco do bairro. Eu acho isso muito bacana, ocupa o tempo, é um aprendizado e incentiva a ficar longe do crime”.

Gabriel Alves, 22 anos, escolheu pintar a paisagem que avista de sua casa. Tirou a foto com o celular e enquanto se prepara para ocupar o branco de sua tela dispara: “Surgem muitas ideias, muitos pensamentos, isto ajuda a mostrar onde a gente mora, onde a gente vive”.

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Nas Quebradas do Taquaril

A proposta é, a partir de uma experiência artística, capturar os olhares dos jovens autores, que serão incentivados a relatar o processo de produção e criação e a escolha dos temas. O Projeto Democracia na Laje, que neste território ganha o nome de Nas Quebradas do Taquaril também vai explorar a leitura do local feita por dois artistas já reconhecidos na comunidade: Lucas Alfa e Blitz.

 Autodidata, Lucas é nascido e criado no Taquaril. Adquiriu conhecimento e desenvolveu sua sensibilidade em confronto direto com a sua realidade de criança e jovem pobre e periférico. Cumpriu medida socioeducativa e hoje acolhe e orienta jovens em cumprimento de medida socioeducativa compartilhando técnicas de pintura, grafite e desenho.

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Conhecido e reconhecido no cenário Hip Hop nacional, o compositor, educador social e militante da cultura HI-HOP, o rapper Blitz também participa do Democracia na Laje e vai apresentar seu arsenal de resistência e luta.

Casa do Hip Hop

As práticas culturais e ações políticas, como a de Lucas Alfa e de Blitz, transformam a cena sociocultural e a ocupação dos espaços urbanos na Zona Leste de Belo Horizonte. A formação da Casa do Hip Hop do Taquaril é um exemplo disso. De antigo posto de saúde abandonado a centro de produção cultural e político.

A pequena construção de esquina, de algumas poucas salas se tornou um centro difusor de técnicas artísticas e de formação política em 2016, quando o movimento Hip Hop do país marcou presença para inaugurar o primeiro espaço do estado de Minas Gerais dedicada a cultura popular, à cultura da periferia.

Violência contra os jovens de periferia

A morte prematura de jovens (15 a 29 anos) tem crescido no Brasil desde a década de 1980. Também foi nesta década que se deu a ocupação do bairro Taquaril, na zona leste de Belo Horizonte. A região foi cenário de um intenso movimento de luta por moradia que surgiu no Alto Vera Cruz, bairro limítrofe. Em comum com outras zonas periféricas das grandes cidades brasileiras estão a dificuldade de acesso às políticas públicas e o crescimento da violência.

De acordo com o Atlas da Violência-2019, do Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), somente em 2017, 35.783 jovens foram assassinados no Brasil, o que equivale a dizer que mais da metade das mortes de jovens brasileiros é por homicídio. Essa tragédia humana tem seus contornos mais evidenciados nas periferias das grandes cidades, onde o acesso à cultura, educação, saúde e moradia é praticamente inexistente.

 O estudo do IPEA é finalizado com a ”recomendação de investimentos na juventude, por meio de políticas focalizadas nos territórios mais vulneráveis socioeconomicamente, de modo a garantir condições de desenvolvimento infanto-juvenil, acesso à educação, cultura e esportes, além de mecanismos para facilitar o ingresso do jovem no mercado de trabalho. Inúmeros trabalhos científicos internacionais, como os do Prêmio Nobel James Heckman mostram que é muito mais barato investir na primeira infância e juventude para evitar que a criança de hoje se torne o criminoso de amanhã, do que aportar recursos nas infrutíferas e dispendiosas ações de repressão bélica ao crime na ponta e encarceramento”.

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