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Publicado originalmente no jornal Hoje em Dia, em 03/06/2012

Patrus Ananias

Na recente viagem que fiz a Barcelona, pude ver que, além da dramática crise que abala a Europa, especialmente o país de Cervantes, os jornais denunciam práticas de corrupção. Em todos os recantos do mundo, esse tema triste está presente. Isso, todavia, não é motivo para nos acomodarmos a essa prática hedionda. Pelo contrário, deve aguçar a nossa sensibilidade social e indignação cívica para assumirmos o confronto vigoroso com aqueles que roubam o dinheiro do povo ou usam de empresários inescrupulosos para fazerem isso por meio de obras superfaturadas e muito mal executadas.

O que distingue o Brasil no cenário internacional, considerando as nações mais desenvolvidas e democráticas, é a impunidade. Há pouco tempo, o mundo foi surpreendido com as notícias de ações ilegais de um poderoso empresário dos meios de comunicação da Inglaterra. Esse cidadão está sendo julgado pelos tribunais ingleses. É hora de fazermos o mesmo no Brasil: agilizarmos os julgamentos, respeitando as conquistas jurídicas e democráticas do devido processo legal e do direito de defesa. Mas a preservação dos valores éticos e os superiores interesses da sociedade exigem que as decisões do poder judiciário ocorram em prazos razoáveis que preservem a confiança nas instituições e poderes do Estado Democrático de Direito.

É urgente por em prática o princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei. E, sempre que necessário, os ricos e os que exercem poderes em nome da coletividade sejam julgados e punidos por seus atos.

Também não podemos nos silenciar e omitir diante dos crimes que se cometem contra o bem comum e as gerações futuras. Nem mesmo ficar no protesto interior e silencioso que assim se torna ineficaz. É hora de erguermos nossas vozes e exigirmos o fim do assalto impune ao patrimônio público. A voz do povo brasileiro se ergueu com força num passado recente: exigimos e conquistamos o fim da ditadura; pautamos os grandes temas da Anistia, da Constituinte, das Diretas-Já. Penso que agora é a vez da “Apuração- Já”.

Que sejam rigorosamente apuradas as investigações fundamentadas dos organismos policiais, que o Ministério Público ofereça as denúncias nos prazos devidos e que o Poder Judiciário dê suas sentenças. A CPMI do Cachoeira e dos envolvidos em sua rede perversa tem de prestar contas ao país. E o Congresso Nacional deve cumprir seus deveres constitucionais.

Cada um de nós pode fazer sua parte agindo junto aos nossos representantes e cobrando deles uma ação eficaz nesses e outros casos de corrupção. Fazemos isso nas ruas ou mobilizando nossas redes sociais, afirmando as nossas convicções e valores onde quer que estejamos. A corrente da verdade e da justiça há de prevalecer.

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