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No dia 1º de janeiro de 2003, Lula assumia a Presidência da República. Foi um dia de muita festa e encontros em Brasília. O Brasil inteiro celebrou e acolheu com carinho e esperança o novo presidente.

Dez anos depois, qual o balanço e quais os desafios para os próximos dez anos na perspectiva das comemorações do bicentenário da independência em 2022?

O saldo no geral é muito positivo. Lula disputa o lugar de melhor Presidente da História do Brasil. Passamos no teste. Lula reelegeu-se e fez a sucessora.

Na área social seguramente tivemos as nossas maiores conquistas. As políticas públicas sociais implantadas a partir da criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome promoveram uma profunda revolução pacífica no país. Milhões de pessoas e famílias saíram da fome e da miséria; outras tantas ascenderam aos padrões básicos da classe média. Além dos avanços notáveis proporcionados pelo Programa Bolsa Família, pelo Benefício de Prestação Continuada – BPC, ampliado pelo Estatuto do Idoso, pelo Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar – PAA, pelos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, pelos Restaurantes Populares e tantos outros programas e ações do MDS, tivemos o Luz Para Todos, a expansão extraordinária do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, o PROUNI, o Minha Casa, Minha Vida. O compromisso do Presidente Lula de criar dez milhões de empregos foi cumprido com muitas margens e sobras. Virou uma goleada!

Não foi um processo fácil. Muitos se lembram das duríssimas campanhas que enfrentamos, sobretudo em 2004 e 2005, contra as políticas sociais, especialmente o Bolsa Família, chamado de assistencialista e eleitoreiro.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, fundamental na consolidação das políticas públicas e programas mencionados, cumpriu também importante papel na complementaridade dessas ações, uma vez que o Ministério integrou as áreas da assistência social, da segurança alimentar e nutricional e da renda básica de cidadania para os pobres – O Bolsa Família.

Por conta do acompanhamento das condicionalidades, o Ministério manteve uma interação permanente com os Ministérios da Educação e Saúde. Tivemos também ações integradas com os Ministérios do Meio-Ambiente e Desenvolvimento Agrário, especialmente nos Territórios da Cidadania.

O extraordinário avanço no campo social encontrou ressonância e apoio na área econômica. Os governos petistas nesses dez anos conseguiram acertar um tripé estratégico: estabilidade econômica com controle da inflação, desenvolvimento econômico com importantes investimentos e expansão das atividades dos setores público e privado e vigorosas políticas de inclusão e justiça social.

Outro setor em que tivemos notável êxito foi na Política Externa que, na melhor tradição do Barão do Rio Branco, de Afonso Arinos de Melo Franco, de Santiago Dantas, foi implementada com independência e soberania. Retornamos e aprofundamos as nossas relações diplomáticas com os países irmãos da América Latina e da África, com os quais temos profundas identidades étnicas, culturais e históricas. Abrimos os nossos horizontes na direção do oriente, das velhas e renovadas civilizações asiáticas. Preservamos com dignidade os vínculos que nos prendem à chamada civilização ocidental. Sabemos mais hoje que o planeta não se restringe ao ocidente.

Outro aspecto da maior relevância na perspectiva da afirmação do projeto nacional: recuperamos a autoestima, a confiança e o orgulho de sermos brasileiros. Constatamos que as extraordinárias potencialidades do Brasil podem ser aproveitadas e dirigidas para garantir a emancipação do nosso povo, a brava e boa gente brasileira.

É bom lembrar também – já que ela está tão presente, pelo menos no plano do discurso, a palavra ética associada ao combate à corrupção – que o governo Lula reestruturou e deu as melhores condições de trabalho à Polícia Federal, agiu na mesma linha com o Ministério Público, inclusive, nomeando sempre o primeiro da lista tríplice para Procurador Geral da República, implantou a Controladoria Geral da União.

As Farmácias Populares, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – IFETs, os Serviços de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU que começamos aqui em Belo Horizonte e agora se expandem pelo Brasil.

É importante nós termos consciência do muito que andamos e fizemos para enfrentarmos com determinação e coragem os novos desafios. O primeiro deles é não perdermos o que conquistamos. Nesse sentido é fundamental manter, ampliar e aperfeiçoar as políticas públicas sociais. O repto de superar definitivamente a fome, a desnutrição e a pobreza extrema desdobra-se na generosa possibilidade de abolirmos a pobreza, reduzirmos cada vez mais as desigualdades e injustiças sociais e avançarmos para fazermos do Brasil a grande pátria que assegura a todas as suas filhas e filhos direitos e oportunidades iguais.

Enfrentamos sérios questionamentos no campo da Política. Carecemos de uma legislação eleitoral democrática, estável e duradoura que retorne a Justiça Eleitoral às suas funções julgadoras, assumindo o Poder Legislativo a sua responsabilidade normatizadora.

O Partido dos Trabalhadores e as esquerdas democráticas devem assumir como prioridade a bandeira da Reforma Política. Mas, para além de reforma necessária, coloca-se o desfio maior de afirmar a participação política da cidadania, a construção de sujeitos políticos que transcendem o eleitor. Aí estamos confrontados pelos novos horizontes que se abrem à reflexão e à prática da democracia: aplicação efetiva dos procedimentos da democracia direta e, sobretudo, da democracia participativa.

Outros temas que se colocam e devem mobilizar as nossas inteligências e corações: o problema gravíssimo da violência e o primado da vida, a questão ambiental, a qualidade de vida nas grandes cidades e regiões metropolitanas, as reformas agrária e urbana dentro dos marcos do princípio milenar da função social da propriedade e do lucro, a saúde pública, a escola pública e a formação das nossas crianças e jovens.

Daqui pra frente pretendo falar sobre eles. Convido os leitores e parceiros que também expressem suas opiniões sobre esses e outros assuntos que dizem respeito às nossas vidas e aos nossos compromissos com as meninas e meninos do futuro. Que Brasil e que mundo queremos para nós e para eles?